quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VIII Semana de História



  • História do Brasil Fronteiras e Perspectivas
  • X Arte de Cantar História 

De 1 a 5 de Outubro.
Auditório da Prefeitura - 20:00 Horas. 

Idéias em movimento - Teorias para Reforma


ALONSO, Angela. Idéias em movimento – A geração 1870 na crise do Brasil – Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002. pp. 245 - 262


O texto a ser analisado é Teorias para Reforma, presente no livro Idéias em Movimento – A geração 1870 na crise do Brasil - Império, da socióloga Ângela Maria Alonso. Além dessa formação, Alonso também alcançou o doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição pela qual, atualmente, ela ministra suas aulas. Fora do país Alonso buscou o pós-doutorado na Yale University e, também, esteve envolvida em outras pesquisas acadêmicas.

O capítulo sobre-citado, e pela qual está produção fica responsável em analisar, retrata princípios intelectuais, em que alguns casos essas regras (ou princípios) estavam inseridas em uma cientificidade própria da influencia positivista da época. Eram intelectuais que lançavam seus olhares para as condições do Brasil e que de certa forma estavam envolvidos em um contexto com mais de um grupo e, portanto, mais de uma consciência a ser admitida e projetada.

Em resposta a agenda política brasileira, o movimento intelectual da geração 1870 produziu programas completos de reforma modernizadores, que estão tanto na conclusão de seus livros de doutrina, como em circulares eleitorais e manifestos políticos que lançaram em meados dos anos 1880. (p. 246)

Há grupos tais como positivistas abolicionistas, novos liberais, federalistas científicos, liberais republicanos em que entorno das discussões que estes se envolviam uma que se destaca seria a passagem do Brasil que deixava de se tornar império e dava seus primeiros passos rumo a republica. Todas as mudanças, desencadeadas por essa ruptura de governo, passavam-se por uma consciência de projeto, mas que não deveria sofrer com radiais mudanças.  Ou seja, o contexto político envolvendo o fim do Império junto ao surgimento do ideal republicano, o que mais tarde, tornaria o Brasil uma republica, passa a ser estimulado não por uma apocalíptica revolução – “Todos os grupos exorcizaram a revolução” (p.259) – nas  estruturas políticas, sociais e econômicas do país, mas pela manutenção de uma estrutura já vinda da monarquia, mas que agora visava projetos adequados que aproximassem o Brasil da modernidade e o capitalismo, entendido como um prolongamento gradual da Republica e federalismo que estaria ocorrendo. Ou nas palavras de Alonso: “O liberalismo econômico reza que o capitalismo viria a seu tempo antes, era preciso limpar o terreno para seu desenvolvimento.” (p. 253)

No entanto, vale ressaltar que embora alguns setores políticos estivessem envolvidos com uma consciência e influencia externa, haveria de se pensar as condições e especificidades que envolvia as novas transformações ocorridas no país. Embora, pudesse supor que havia um discurso teórico diferente da prática – ou melhor, que as “idéias estariam fora do lugar”, nota-se haver em cada circunstancia, e no Brasil definitivamente não seria diferente, especialidades que desencadeavam em realidades nem tanto revolucionárias.

Uma diferença que pode ser notada é a questão do escravo nessa nova situação, republicana. Ora, haveria grupos tais como os abolicionistas que desejavam o fim absoluto e sem indenização da escravatura, enquanto outros, liberais republicanos, desejavam o processo gradual do fim dos escravos.  Tratavam tal questão, não como uma mudança social ou política, mas econômica.  “O fim da escravidão era problema do tempo. Bom seria chegar a abolição sem transtornar a propriedade agrícola, sem ofender aos direitos e interesses envolvidos. A reforma política era independente da reforma da economia.” (p. 253)

Há outros interesses intrínsecos ao fim da escravidão. Vontades que não era apenas no fim do trabalho escravo, propriamente dito, mas também seria uma forma de trazer o progresso ao Brasil, recebendo assim imigrantes europeus em troca de escravos, provocando-se a política de branqueamento. A chegada desses novos imigrantes seria útil para outros motivos políticos. As regiões do sudeste e sul aumentavam sua população o que, dessa forma, “poderiam equilibrar a balança de poder político até então pendendo para o lado nortista.” (p. 248) O projeto proposto, visava mudar o poder do Senado para a câmara dos deputados o que, desencadearia, em um federalismo – em que cada província, dependendo do número de sua população, poderia emitir um maior número de políticos para representação da região. O que pode ser analisado nessa trama de interesses políticos é um constante setor político que, embora houvesse pensamento e propostas mudanças na representação administrativa, ainda sim estariam controlando o desenrolar do Brasil na republica. Esse desenrolar estava processualmente relacionado a motivos econômicos que se exemplifica com outras questões tal como a escravidão.

Ao tratar do tema econômico, outra característica pensada pelos intelectuais na época de crise Brasil Império, seria o papel mínimo do estado. Tratava-se, portanto, de um pensamento de liberalismo econômico vindo de uma consciência e influencia externa.

Liberais republicanos, federalistas científicos e novos liberais gostariam de ver ampliado o escopo da livre concorrência, da liberdade bancaria, da liberdade de comércio e da indústria... O Estado não deveria ser um agente econômico, um investidor. Deveria prover apenas a infra-estrutura de comunicações e transporte (telégrafos, correio e estradas de ferro), as condições para a expansão de uma economia capitalista. (p. 247)

Sabe-se que, por algum período de tempo – seja no império e republica, o Brasil teve como um dos principais produtos o café. Admitindo que o produto fosse exportado em demasia os cafeicultores, mais tarde, junto ao estado iriam tomar medidas de proteção a esse produto. Tais medidas se deram por meio da desvalorização cambial o que fez o preço da moeda nacional cair em detrimento a moeda estrangeira. Tal medida fez com que o café fosse mais comprado por estrangeiro, pois se antes a moeda se igualava ao dinheiro estrangeiro, agora desvalorizado o café custaria menos. Essa medida observa-se haver uma preocupação da elite em manter sua renda pomposa como seria de seu desejo. No entanto, uma desvalorização cambial iria prejudicar a maioria da sociedade brasileira, pois o nosso país mais importava produtos do que exportava. Conforme a moeda brasileira fica mais fraca em relação a estrangeira a compra de produtos importados ficariam mais caros, mas não para os cafeicultores que iriam compensar isso com suas vendas. No entanto, os dinheiros da compra dessas sacas de café ficariam apenas nas mãos dos cafeicultores, trata-se, portanto, de mais uma medida que demonstra haver uma elite interessada em se manter no lucro, enquanto a população se via a mercê de interesse dos donos do poder.

O que diferencia o texto de Ângela Alonso para um dos clássicos da historiografia, que intitulou sua obra como Donos do Poder,Raymundo Faoro estaria nos objetivos que cada um dos autores visavam compreender.  Faoro com jurista que inclusive esteve como presidente das Organizações dos Advogados do Brasil (OAB), utiliza-se de sua linguagem e análise de juristas para compreender a situação e formação do Brasil na republica. Enquanto que Alonso observa nesse capítulo as propostas políticas, pouco revolucionária, que visava aos poucos construir uma nova realidade para o Brasil. Nas palavras de Alonso, conclui-se: “O diagnóstico da conjuntura como crise de decadência desembocou em duas conclusões: a inépcia da elite política imperial para levar avante as reformas e a inoperância do parlamente em processá-las” (p. 258). Diante dessas fragilidades administravas os contestadores, visavam-se lançar a esses novos postos políticos, mas suas posições deveriam se debruçar as “mudanças negociadas e paulatinas, sem rupturas drásticas, sem quebra da ordem. Seus projetos têm por ponto de fuga a transformação controlada da sociedade e do sistema político, através das instituições e da lei.” (p. 259)



Além disso, os projetos, desses intelectuais e contestadores, embora estivessem em muitos sentidos questionando os saquaremas – grupo político do segundo império, esses questionamentos se davam a partir de algumas medidas tomadas por essa classe conservadora como: conflitos provinciais e até a Guerra do Paraguai. Mesmo, podendo-se admitir que a passagem do Brasil império para o Brasil republica fosse desencadeado por novos pensamentos que surgiram no contexto do império, provocando numa possível traição contra o absolutismo – ou seja, a classe que antes pensava uma coisa por perder o poder, passa a pensar e a questionar outros fatores, dessa forma surgiu o partido republicano. No entanto, a ordem e a tradição mantida pelos saquaremas durante longo tempo que estiveram no poder, ainda continuava sendo admitida e vangloriada, pois “nisso estavam estreitamente próximos do realismo conservador da elite imperial. O movimento intelectual da geração 1870 não foi nem popular nem revolucionário. Foi reformista.” (p.261) Ou seja, as novas mudanças ainda passavam pelo crivo e pelas intenções de outras elites que em muitos aspectos se assemelhava a elite questionada do segundo império.  



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

As idéias fora do lugar
Livro Ao Vencedor as batatas

Schwarz, Roberto- “Ao vencedor as batatas”- I.  As idéias fora do lugar. São Paulo: Duas Cidades, 1992, 4ª Ed.

Na apresentação do capítulo I. “As idéias fora do lugar” do livro Ao  Vencedor as batatas, publicado em 1977, Roberto Schwarz sustenta que “toda ciência tem os princípios que são originados dentro do seu próprio sistema, e um dos princípios da economia política seria o trabalho livre”. Na propaganda de um panfleto liberal de Machado de Assis colocava o Brasil para fora do sistema da ciência, pois aqui o que predominava era a escravidão, considerada um fato descortês e execrável.“Estávamos aquém da realidade a que esta se refere; éramos antes um fato moral, impolítico e abominável”[1].


Crítico da literatura de Machado de Assis, Roberto Schwarz afirma que o Brasil respira as idéias européias, mas em sentindo totalmente impróprio, e dessa forma seriam problema para a literatura. Segundo Schwarz as idéias por esse prisma estariam fora do lugar, baseado na idéia de Marx que a estrutura determina a infra-estrutura, desse modo o social daria forma à literatura, a grande contradição observada por Machado de Assis no Brasil seria a estrutura totalmente atrasada e colonial, e a superestrutura avançada e liberal. Ainda sob o ponto de vista de Machado o escravismo enquanto persistisse no Brasil, o parlamento seria ao estilo inglês, e Schwarz observava ainda que as idéias que aqui circulavam eram baseadas nos movimentos existentes em Paris, e que estariam fora de centro, se relacionadas ao contexto europeu.

Schwarz encontra uma explicação histórica para afirmar no seu ensaio de que as idéias estariam fora do lugar, isso ocorria pela dependência econômica do Brasil ser baseada no escravagismo e a supremacia intelectual da Europa que era revolucionada pelo capital. Enfim, as idéias liberais não teriam meios para serem praticadas no Brasil, mas não poderiam ser totalmente rejeitadas[2]. Era um discurso incompatível com a realidade escravagista e clientelista existente no País.

O Brasil é um país agrário e independente, e toda a produção era proveniente do trabalho escravo de um lado e de outro a dependência do mercado externo. Independência era um feito recente no país e em nome dos ideais de liberdade franceses, ingleses e americanos, que já faziam parte da identidade nacional, segundo Emilia Viotti  esse conjunto ideológico existente no Brasil iria chocar-se contra a escravidão e seus defensores e tendo que conviver com eles.[3]

A não modernização da mão-de-obra na agricultura no Brasil, segundo Fernando Henrique Cardoso, era de que o escravo não estaria inserido no mercado de trabalho especializado, que apenas iria espichar o dia de trabalho do mesmo, para discipliná-lo, contrário do que era moderno, pois era fundada na violência e na disciplina militar, e a produção escravista era dependente da autoridade mais que da eficácia.[4]

Segundo Schwarz a colonização gerou três classes de população, baseada no monopólio da terra, o latifundiário, o escravo e o homem livre, que na verdade era totalmente dependente, a relação existente entre as duas primeiras classes era clara, porém a classe dos terceiros que era interessante, nem donos de terra e nem proletários e seu acesso à vida e bens matérias era totalmente dependente do favor, direto ou indireto de alguém maior que ele.[5]

Havia de fato uma discrepância entre as idéias liberais, a escravidão e a prática do favor não foi obstáculo para incorporação desses ideais pela elite intelectual e política do Brasil, tendo em vista que a geração de intelectuais se formou em universidades européias, equiparando valores e comportamentos.

“Adotadas as idéias e razões européias, elas podiam servir e muitas vezes serviam de justificação, nominalmente “objetiva”, para o momento de arbítrio que é da natureza do favor “[6]


Schwarz argumenta que o escravagismo desmente o liberalismo e ainda mais o favor seria tão incompatível quanto o mesmo, há um deslocamento e uma distorção quanto à submissão das idéias liberais no Brasil, dando origem a um padrão particular, mas não se ajustando completamente ao local. Para ele ainda a distorção desses conceitos estrangeiros são inevitáveis, pois é o único modo de situá-los em contexto local usando os termos importado. Para Ângela Alonso[7], as idéias não estariam fora do lugar, apenas em movimento, pois muitas são as disputas que permeiam o pensamento político no Brasil, e suas mais diversas interpretações, seja na prioridade do Estado ou da sociedade. Alonso ainda compara o discurso de Sérgio Buarque de Holanda seria o oposto do pensamento de Faoro, que o patriarcalismo surge como herança rural e o Estado patrimonial lentamente são fundados e aprisionados nos círculos familiares, ou seja, o público permanece entranhado no setor privado.


Denise Silva



[1] SCHWARZ, Roberto- Ao Vencedor As Batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro, São Paulo: Duas Cidades, 1992, 4ª Ed.As idéias fora do lugar- Pg.1
[2] SCHWARZ, Roberto-  Ao Vencedor As Batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro, São Paulo: Duas Cidades, 1992, 4ª Ed.As idéias fora do lugar-. Pg.12
[3] Ibdem pg 3
[4] Ibdem pg 3
[5] Ibdem pg 5
[6] Ibdem pg 6
[7] Alonso, Angela: Idéias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil- Império_ São Paulo : Paz e Terra, 2002. 3-O sentido da contestação: A reforma da Ordem Saquarema- pg 245


domingo, 12 de agosto de 2012

Comentário sobre as Olimpíadas.


Antes de começar o texto, proposto pelo título da postagem, gostaria de afirmar que também sou a favor da critica que é imposta ao Brasil – que prefere sediar eventos esportivos a lhe dar com reais necessidades e problemas que afetam a saúde e educação brasileira. No entanto, aproveitando o evento olímpico que se encerrou em Londres, gostaria de expor as dificuldades que esportistas ou futuros, encontram a praticar modalidades olímpicas e o quanto o nosso país se mostra amador em relação a falta de incentivo aos atletas. Lembro também que o setor esportivo, embora não deva ser visto como o principal enfoque de investimento, pois há outros, este também tem seu grau de importância para tornar o país justo e desenvolvido. O esporte carrega consigo o desejo do atleta em se superar, mas também a educação e a prevenção da saúde social.


  Portanto retomando ao objetivo deste texto, gostaria de comentar sobre algumas modalidades olímpicas no qual o Brasil participou em Londres e daqui a quatro anos estará sediando. Há certos esportes praticados por brasileiros nas Olimpíadas em que se percebe a total falta de investimento, seja de setores privados ou públicos. Aliás, o que se tem visto em algumas charmosas publicidades nesse momento olímpico, são empresas que se dizem apoiadoras dos esportistas nacionais, mas apenas investem em atletas já considerados favoritos e bem ranqueados mundialmente.

Tudo bem. Nada contra ao investimento que é feito a esses atletas, no entanto concordo – para fugir da temida hipocrisia – que ao investir no esporte deve-se creditar o apoio a todos os ramos do esporte brasileiro, fazer valendo o seu discurso. E mais, o esporte, tal como a educação, não é um investimento que deve ser feito em curto prazo, pois, como todos devem saber, além do treino ser essencial o atleta deve desenvolver algo que já é inerente a ele, ou seja, o talento. Não se descobre um grande boxeador, tenista, ginasta, velocista ou nadador da noite pro dia, mas a partir de uma constante busca e, portanto, constante investimento. Ora, quando se investe, como no mais extremo dos exemplos possíveis, na China os atletas passam a conviver com uma cobrança que é aceitável tanto pela sociedade quanto uma cobrança que se apresenta-se em resultados concretos – vinda em medalhas de ouro, para ser mais preciso. Não acho que o Brasil deva seguir esse mesmo exemplo, a cultura e personalidade social é outra, completamente diferente e a outros melhores exemplos a ser seguido. Mas, sim acho necessário para um país com dimensão como o nosso e que logo estará recebendo as Olimpíadas, se tornar uma potencia do esporte mundial.

 Em alguns esportes se observa a capacidade que o Brasil tem de se tornar, de fato, um grande país no esporte mundial e não apenas no futebol e vôlei. Indo a exemplos. Na ginástica fica claro que o Brasil poderia alcançar melhores resultados a partir de um maior inventivo, embora, os atletas dessa modalidades pareçam amarelões – acho que nesse esporte também não pode haver cobrança. Outros esportes que poderíamos citar, sem desconfiança, seria o judô, natação, boxe e atletismo. Em todos esses esportes o Brasil já teve ou ainda tem grandes nomes e atletas que poderiam influenciar tantos outros.

Em fim, gostaria também de aproveitar nesta postagem e lembrar outras modalidades que diferente dos esportes sobre-citados, o Brasil apresenta-se uma boa estrutura e que por sua vez a cobrança é feita ou deveria ser feita. No futebol “masculino” há uma explicação bem clara do motivo pelo qual ele é tão cobrado nas Olimpíadas... Diga-se de passagem, uma cobrança merecida, pois os jogadores que estão em Londres e buscam pela inédita medalha de ouro, tem totais condições (altos salários e estrutura) para se garantir como favoritos e colocarem na pratica  essa condição. Utilizei aspas no gênero masculino, pois no caso do futebol feminino a falta de investimento passa a ser quase calamidade, se resume em termos a melhor jogadora do mundo, mas temos os piores dirigentes do mundo.  Outros esportes que deveriam ser mais cobrados, mas que não é tanto, seria o vôlei e o basquete. Nos dois casos, observa-se uma tradição que deve ser carregada com os jogadores e que os atletas que os praticam também possuem no Brasil ou lá fora condições para se colocarem bem em suas práticas esportivas.

Esta postagem mostra também o quanto o Brasil parece está sempre mais forte em esportes coletivos do que em individuais é um caráter nosso, mas que pode ser melhorado se for investido e posteriormente cobrado.  

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Somos Políticos e Eleitores

Todos os dias, com profundidade ou superficialmente refletimos sobre a situação política de nosso município. Quando reclamamos, da fila no banco, quando reclamamos da precariedade do atendimento à saúde, da ineficiência da educação disponibilizada, quando falamos da já naturalizada e tão familiar corrupção... Sempre estamos refletindo sobre o modo com que a política atinge nossa vida prática.

Não é preciso ser grande conhecedor dos modos com que opera a política e os políticos, para se colocar a dar a sua opinião, a posicionar sobre isso ou aquilo. A explicação para isso o filósofo já nos oferecia há alguns séculos antes de Cristo, dizendo que o homem é (um ser cívico, naturalmente dado á política). Somos assim, políticos, por aptidão natural, a política se inscreve em tudo que fazemos, inclusive quando tentamos nos afastar das querelas político-partidárias e assim, tão altivos batemos no peito e dizemos: “Não sou político, graças a Deus! Eu detesto política!”.

Ora, não há como negar, Aristóteles tinha alguma razão!O homem é, por natureza, “um animal social e político” (zoon politikon). “Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus, ou é um bruto (selvagem)”. (Cremonese. 2008.p 130-131)”.

O homem tem a política inscrita em si e ela se traduz em suas ações, norteia e orienta seus anseio, sonhos, e desejos, de modo organizado, em partido, em religião, em artes, etc. em tudo administramos o mundo para dar conta de responder as questões que a vida nos oferece. Desde a questão simples de como colocar pão à mesa? Como arranjar um emprego, qual é a melhor opção para isso ou aquilo? Até questões mais complexas como, quem é o melhor candidato? Como solucionar o problema da educação? Como melhorar a saúde? Etc. Quando se vive em sociedade é ainda mais patente essa força do viés político na vida da pessoa. Assim é muito difícil ao individuo escapar a essa dimensão de sua vida.

Este ano, mais especificamente nestes dois meses (agosto e setembro) as pessoas ver-se-ão enredadas em querelas políticas, seja por vontade própria ou pela imposição dos aparatos eleitorais sempre a veicular suas mensagens, no afã de persuadir de algum modo o eleitor. Desde um som renitente, a uma visita inusitada em horários inoportunos, até programas midiáticos de alta técnica em horários específicos nos meios de comunicação. Por todos os lados e de todos os modos a política no seu sentido partidário, estará imperante a tocar o cidadão oportuna e importunamente. Trata se de ano Eleitoral e a Eleição é mais uma dimensão do universo político.

O homem não é só político é também eleitor. E estas dimensões se imbricam uma na outra. Se por um lado o ser político parece mesmo ser inerente à condição humana, por outro o ser eleitor, não. O ser eleitor depende da filiação eleitoral ao cadastro de eleitores, onde te facultam um título eleitoral, depende da obrigatoriedade do voto, que no Brasil é regente. Então o ser eleitor é condicionado, pode o individuo ser um eleitor em potencial, mas essa dimensão só se realiza sob certas condições.

No período eleitoral, ou seja, nos trimestre que compreende o tempo da eleição, tempo de registrar candidaturas, preparar materiais e propostas e veicula-las para o público, a política se efetiva como prática, com ação comum, visível e irrefutavelmente contagiante. Contagia-nos positivamente e negativamente, dependendo de cada caso e contexto. Mas onde e como anda a nossa consciência politica? Como ser politico e eleitor?

No Brasil nossa dimensão política é negligenciada, preferimos o epiteto de que “política e religião não se discute!” ao trabalho do desenvolvimento intelectual, que permite-nos desenvolver capacidade para analisar e compreender os meandros políticos e partidários que constituem o labor eleitoral.

Estamos em pleno processo eleitoral, e como temos participado desse momento? No sistema de governos que temos em nosso país, que se pretende democrático e de fato temos a melhor democracia que o capital nos permite. O voto é obrigatório, ou seja, o individuo é eleitor por imposição sistêmica. Mas como encaramos isso e como vivenciamos essa realidade?

Votamos, justificamos, participamos... Direta ou indiretamente nossa ação ou inação incide sobre os resultados do processo eleitoral. Mas o comprometimento com que cada um abraça ou refuta sua condição política e eleitoral é o responsável por nossas questões cotidianas e também pelas possibilidades que temos de conseguir responder ou não, as questão básicas da sobrevivência, da vida como um todo.

Hoje em cada município brasileiro, grupos de políticos se apresentam sobre a bandeira partidária, das mais variadas, com propostas e soluções para problemas que não raras vezes são crônicos, perduram desde os dias mais recuados da vida dos municípios. Problemas, como, a falta de emprego, o pouco desenvolvimento municipal, a incapacidade do município de solucionar problemas que agridem e dificulta a vida, como seca, fome, moradia, saúde, educação, segurança, violência etc. Por outro lado está o público, a massa de eleitores, que se posiciona no afã de decidir qual das vozes lhe fala com mais agradabilidade, qual das vozes lhe oferece a melhor proposta e a melhor oportunidade.

Nesse cenário, é complexa a rede de relações que se estabelece. De partido a partido, de liderança a liderança, de bairro a bairro, de liderança a indivíduo, de grupo a grupo. Em cada um desses espaços as relações acontecem de um modo peculiar. Mas todos estão enredados pelo momento eleitoral e muitas vezes perde-se de vista a dimensão política, reduzindo o momento a barganhas e negociatas, que mui pobremente consegue responder a questões momentâneas. Deixando lesões profundas na vida das sociedades, aumentando as diferenças, ressaltando injustiças e promovendo a manutenção de um sistema pernicioso, que só pode ser superado, quando o eleitor for norteado pelo seu ser político. Mas para isso cada eleitor precisaria assumir como sua a tarefa de desenvolver-se como ser político, alimentar a sua dimensão política, nutrindo seu ser político e permitindo que  ele aflore e se mostre, pois assim independente do grau de envolvimento partidário cada individuo estaria capaz de dar eficiência ao seu ser eleitor, por que sua condição básica o ser político, não seria um faminto desfigurado, analfabeto e desnudo, mas sim um bem nutrido ser capaz de ajudar o ser eleitor a cumprir do melhor modo sua função eleitoral.

Como transformar o momento eleitoral num momento de edificação da sociedade em busca de liberdade e bem estar de seus membros e superar essa condição deplorável de feira de interesses particulares e escusos onde a igualdade de cidadania, não existe e se a política é praticada por iguais, é sem dúvida por uma igualdade que faz os agentes políticos aparecerem a todos como algozes da sociedade e não como líderes legítimos que representam e norteiam a sociedade para um caminho de superação, garantindo a cada passo bem estar aos seus membros em toda a sua diversidade.

A teoria do Estado em Hobbes é a seguinte: quando os homens primitivos vivem no estado natural, como animais, eles se jogam uns contra os outros pelo desejo de poder, de riquezas, de propriedades. No estado de natureza existe insegurança; não há lei ou norma, cada um faz o que bem entende. No estado natural o homem goza de liberdade total, tendo todos os direitos e nenhum dever. Sendo, porém, sua natureza egoísta, cada um busca satisfazer os seus próprios instintos, sem nenhuma consideração pelos outros. Segue-se uma luta de uns contra outros, na qual o homem se porta em relação ao outro como um lobo. (Cremonese. 2008. p.130-131).

Ora, o que se vê no ambiente político nacional é um regresso ao estado natural, haja vista que a legislação é ineficiente para conter a fúria dos agentes políticos que as atropelam e burlam, de modo cada dia, mais grotescos e desavergonhados. Sem moralismos ou ressentimentos, mas se há razão no que Dijalma Cremonese argumenta, fica evidente que caminhamos para um estado primitivo onde o homem é o lobo de si mesmo. E esse primitivismo de estado engendra em si o agente politico e o eleitor, pois ambos se posicionam como corruptos e corruptores, corrompem o projeto de uma sociedade livre e democrática, onde cada indivíduo exerce suas faculdades em prol do coletivo, compreendendo sua dimensão individual como parte do coletivo, não em detrimento deste.


Joaquim Teles - Kiko di Faria


Referência 
CREMONESE, Dejalma. Teoria política – Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. – 220 p. – (Coleção educação à distância. Série livro-texto).

terça-feira, 17 de julho de 2012

O brasileiro e seus heróis

A nossa ultima semana foi marcada por dois acontecimentos que movimentaram as ferramentas midiáticas e as redes de interatividade sociais, causando êxtase e uma diversidade contínua de paradoxos nos mais diversos meios da nossa sociedade. Os tais acontecimentos citados foram a luta do brasileiro Anderson Silva contra o norte-americano Chael Sonnen pelo UFC e o resultado da enquete organizada pela emissora britânica BBC transmitida pelo SBT sobre qual “O maior brasileiro de todos os tempos”.

Em síntese, dentro desses eventos distintos eu averiguei um objeto comum entre os dois, sendo ele a carência que nos brasileiros carregamos em relação à existência e ate mesmo construção de heróis nacionais, de mártires que nos representem e despertem em nós motivo de orgulho e honra em ser brasileiro.

O confronto do brasileiro Anderson Silva contra Chael Sonnen há tempos já gerava grande expectativa em todo público pelas acidas e agressivas provocações do norte-americano contra o brasileiro e contra o Brasil, ao passo que a vitória por nocaute técnico foi interpretada como a defesa da honra nacional e o lutador intitulado como o grande defensor e grande herói. Longe de mim me atrever e ate mesmo ser hipócrita em questionar as qualidades do Anderson Silva como lutador, sem soma de dúvidas o reconheço como o melhor de sua categoria e um dos melhores de todos os tempos, mas o que quero chamar a atenção e em relação aos atributos que o mesmo exerce para ser taxado como “herói”? Primeiramente, o mesmo recebe uma bonificação milionária pra entrar no octógono, e com provocação ou sem provocação do rival ao Brasil ele estará lutando, mas sem dinheiro e sem contrato, não estará. Acredito que apenas uma luta não pode ser um motivo categórico para se taxar um homem como herói nacional, sendo que a maioria dos brasileiros que lhe deram esse titulo não sabem que o mesmo mora em Los Angeles nos Estados Unidos e não em uma cidade brasileira e além de tudo usufrui de todos os artefatos estrangeiros que tem direito. Temos um herói que habita outro país e não sua pátria-mãe? Que projetos sociais, políticos, ecumênicos e econômicos esse herói exerce no Brasil além de lutar por prêmios milionários? Aonde entram os nossos lutadores de todos os dias, como professores, policiais, bombeiros, médicos dentre outros que por ressarcimento financeiro bem menor fazem coisas bem mais relevantes e não são reconhecidos? Essas são algumas interrogações que comprovam a tese do imediatismo, onde simplesmente não importa como foi realizado o ato, mas apenas a relevância que o mesmo gera momentaneamente.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, depois de assistir o programa do SBT "O maior brasileiro de todos os tempos", fiquei alarmado com o quanto a sociedade brasileira não tem conhecimento da própria história, da própria cultura. Dentre os 100 citados no programa (inclusive o Anderson Silva), pessoas que não fizeram projeto social algum e nem buscaram uma repercussão positiva ao Brasil foram votadas! E os alicerces de nossa história que foram esquecidos, mas lutaram como leões pela integridade do Brasil como nação, como unidade, como país? Homens como Tiradentes, primeiro figura a lutar por um regime democrático e federativo no Brasil pagando com a forca e o esquartejamento de seu corpo o preço desse ideal, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, pilares da independência brasileira, José do Patrocínio, grande intercessor pela abolição dos escravos, Visconde de Mauá, grande incentivador da industrialização e primeiro industrial do Brasil, Aleijadinho, figura emblemática e artística da cultura brasileira, Duque de Caxias, patrono do exército brasileiro e grande personagem militar e político; Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, grande elementos da emancipação republicana do Brasil dentre muitos outros personagens de nossa história que minha memória não há de lembrar com exatidão e merecimento nesse momento, onde eles entram, em que patamar figuram? Essa interrogação e algo a se preocupar e a se repensar.

Recapitulando a tese do imediatismo, creio que isso se reflete na sociedade brasileira pelo simples fato de termos uma educação precária em nosso país. Crianças se orientam muito mais pelo que assistem na televisão do que pelo que leem nos livros ou escutam dos professores. Personagens históricos com relevância primordial para o Brasil seja na politica, na economia, na literatura, nas artes, na ciência, na música e em outras vertentes, cada vez mais tem seus nomes e seus legados apagados pela falta de instrução de nossa sociedade. Em contraposto a isso, figuras que surgem do nada e são exploradas pela mídia aparecem com uma repercussão tremenda, sem ao menos se esforçar e fazer algo relevante para o crescimento do país, recebendo representações de “Heróis Nacionais”. Qual a relevância maior que pessoas como Luan Santana, Michel Teló, Joelma do Calipso, Dedé zagueiro do Vasco Gama exerceram para figurarem como mais importantes do que Machado de Assis, Carlos Chagas, Marechal Rondon e Luiz Carlos Prestes? Isso soa como o mesmo que cuspir na cara desses e de outros que lutaram por um Brasil melhor e mais justo.



Em um apanhado geral, nós brasileiros não sabemos definir e julgar nossos heróis, ou simplesmente não temos conhecimento do conceito e significado de herói. Mais difícil ainda é definir um parâmetro que justifique isso. Eu me apego à ausência de uma educação mais incisiva e mais detalhista, com mais conteúdo e mais exploração histórica, outros se apegarão a outros motivos. O fato é que ficam a encargo de nós historiadores, cientistas sociais e demais responsáveis pela educação não deixarmos se apagar no tempo, esse tão ingrato tempo, a chama que ainda está acesa para relembrar nossos verdadeiros e autênticos heróis nacionais.


Leonardo Valadares

domingo, 1 de julho de 2012

Recomendamos: Na moral com Pedro Bial




Iniciando a nossa seção recomendamos, vamos começar com uma hipótese, pois este programa nem ao menos foi estreado, mas tendo em vista as chamadas que podem ser vistas no vídeo acima, pode-se esperar um bom entretenimento que podera ser assistido em um canal aberto. O novo programa da rede Globo estreia no dia 5 de julho e promete discutir temas relevantes e de uma forma descontraída. No entanto, como ainda pode ser observado na chamada, o novo programa  coloca em dúvida o seu formato, há promessas, mas não sabemos se será um programa jornalistico, de entrevista, de debate. Não se sabe. Na Moral afirma, no entanto, trazer como conteúdo temas envolventes sob a apresentação de Pedro Bial.

Sobre o apresentador do programa, há certos paradigmas que foram criados em torno do jornalista Pedro Bial. Durante quase uma década, Bial esteve apresentando o reality show, denominado Big Brother Brasil. Definitivamente essa forma de entretenimento está longe de ser o ideal para a televisão brasileira. Bial como jornalista tem seus méritos. Além de um ótimo texto televisivo, Bial também esteve registrando alguns importantes acontecimentos como a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS. Poucos repórteres tem a capacidade de fazer uma matéria de fôlego, sem apresentar entrevista, Pedro Bial consegue esse feito sem perder em qualidade, mas isso se garante perante a seu texto. Por isso em minha opinião, ao tratar o apresentador do Na Moral como um jornalista televisivo, o considero um dos melhores do país. Já o problema e a critica que pode ser feita a ele está apresentando os sequentes BBB’s, considero esse fato ser um erro grave que lhe foi imposto pela falta de aproveitamento e criatividade de sua emissora de trabalho. A rede Globo é assim mesmo. Ora, o que se pode esperar de uma emissora que manteve Chico Anysio fora do ar durante seus últimos anos?

Tendo em vista esse novo programa e para não encerrar a postagem com critica, Na Moral apresenta como conteúdos temas recorrentes para a atual sociedade. Perguntar, por exemplo, “o que é o Certo, o que é o Errado, o que é Justo ou Injusto, Normal ou Anormal?” são indagações interessantes e que se divergem em múltiplas possibilidades de opiniões. Portanto, o programa além de ser de auditório, trará mais de uma opinião, algo que desencadeia ao telespectador tomar sua própria posição. Portanto, haverá os temas sendo informados, as perguntas feitas, as opiniões debatidas e por fim sua posição restabelecida, com novos argumentos.



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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Nova seção: Recomendamos

Em algumas postagens o Bomba-H tem a consciência de suas criticas que são feitas sobre determinados conteúdos produzidos pela mídia brasileira. (Ver no final desta postagem) Ora, foi por meio de um desses textos que tivemos a desagradável sensação de lidar com uma critica anônima, resultando inclusive no momento de maior acesso e comentários que este blog já conviveu. No entanto, refletindo sobre as criticas por nós sofridas, agora com alguma perspectiva, nós presenciamos a falta de sugestão que o Bomba – H estaria deixando de oferecer ao leitor, principalmente em relação ao conteúdo midiático .

Se há criticas deve haver solução. Embora a pós-modernidade sugere a crise de orientação, em que não há a resposta propriamente dita, não temos a pretensão de manter o discurso pós-moderno em todas as nossas pastagens. Até porque, como pode ser observado no decorrer dos arquivos do Bomba-H nota-se haver algumas variedades de conteúdos , passando desde artigos e criticas, até poesias e entrevistas.

Foi pensando em favorecer o leitor que abrimos uma nova seção para este espaço virtual: Recomendamos. Esse novo marcador vai trazer ao leitor o que nós, como acadêmicos de história, sugerimos como um conteúdo de entretenimento capaz de ser elogiado ou considerado. Obviamente e com humildade estamos abertos a criticas e a outras opções demandas pelo leitor.

Caso alguém queira entrar em contato conosco basta preencher o formulário que se encontra ao lado direito desta página ou deixar o comentário nas postagens que são feitas neste espaço. Por fim esperem, pois logo estaremos fazendo nossa primeira postagem do Recomendamos. 


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terça-feira, 26 de junho de 2012

Aquecimento Global. Outra opinião.



Recentemente ocorreu no Rio de Janeiro o encontro mundial Rio + 20, cujo objetivo foi discutir o desenvolvimento sustentável para o planeta Terra. Ora, é notório que a preservação ao meio ambiente tem se tornado uma agenda pontual para alertar a sociedade. Trata-se de um tema que se revigora perante as constantes previsões caóticas do aquecimento no planeta, no entanto há certas ressalvas a serem ditas e opiniões contrárias sobre essas teses ambientalistas. Sem a pretensão de defender o desmatamento, mas buscando outros argumentos capazes de compor de forma cientifica – não política o aquecimento global, cientistas tem se debruçado em estudos que visam desmistificar o aumento de temperatura que o planeta Terra estaria sofrendo.

Para determinados pesquisadores o aquecimento global tornou-se tão latente aos olhos ideológicos, que as verdades criadas pela linha ambientalista hora são vistas como dogmáticas. O título do livro do professor da UnB Gustavo Baptista sugere que o tema, tornou-se tão inquestionável que há sua pergunta: “Aquecimento Global: ciência ou religião?”

Não é, portanto, um simples debate de apenas um único lado. Há uma acirrada discussão quando se põe em dúvida o aquecimento global. No vídeo acima pode ser visto uma entrevista no Programa do Jô em que o professor e climatologista Ricardo Augusto  da USP, também aborda seus questionamentos sobre o aquecimento global. Nota-se haver no discurso de Augusto certa interpretação histórica e econômica desse assunto. O climatologista associa a ideologia aquecimentistas a um processo vindo com o fim da União Soviética e a expansão do capitalismo.

Por fim, o que esse debate e vídeo traz a tona é sua relação entre uma verdade que é mantida pela política e mídia global, mas a possibilidade de haver uma outra interpretação com argumentos cientificamente construídos, capazes que questionar o aquecimento global. Além disso, o vídeo traz também a discussão entre o cientista influenciado pela política e os cientistas que faz suas pesquisas sem essas outras influencias. Até que ponto é prejudicial a ciência lidar com a política e  até que ponto o cientista consegue desassociar suas pesquisas de suas influencias subjetivas?

Vale lembrar as dicas do professor Cícero da UEG – Formosa em que ele pontua a importância do conhecimento que o professor deve adquirir sobre temas atuais. O desenvolvimento sustentável e suas outras vertentes não devem ser transmitidos como uma reprodução do que já é dito, mas como uma interpretação didática acerca de um assunto que carece de mais de uma opinião.
  
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sábado, 23 de junho de 2012

O Livro Vermelho e a Revolução na China

O Livro Vermelho escrito por Mao Tsé-Tung apresenta, ao longo das 427 citações e 33 capítulos, posições do líder Mao a respeito de como a China deveria seguir para um caráter político marxista-leninista. As ideias contidas nesse livro, do “Grande Timoneiro,” como Mao se auto- intitulava, apresenta aspectos capazes de definir sua política como sendo comunista (baseado nas ideias e criticas de Marx e Lênin). No entanto, há outras características e ideias específicas, e que se contextualizavam a realidade chinesa, no pensamento de Mao, algo que o ocidente denominou como Maoísmo. Embora, o Maoísmo possa ser visto como um conjunto de pensamentos políticos a cerca da revolução na China, O Livro Vermelho também apresenta outras estruturas que servem para diálogo para entender a Revolução. Esse é o caso das ideias culturais e economias que devem se desenvolver na China juntamente com o contexto da revolução política proposta por Mao. “Traduzido para várias línguas, O Livro Vermelho, coletânea de máximas e dissertações sobre a guerra, a política, a organização do estado socialista, a literatura, a arte etc.”[1] Ou seja, o Livro Vermelho, que expressa o sentimentos de Mao, não deve ser definido apenas como pensamentos políticos, mas com uma rede de ideias que se desencadeiam para determinado fim e este fim seria a revolução na China.

O capitalismo que se instaurou na China, mediante a um período recente de republica, deveria ruir perante a união e força dos chineses do campo. A revolução na China ocorre diante de um contexto cada vez mais nacionalista e das condições desfavoráveis, pobreza, que afetavam a população do país. A China também conviveu durante alguns períodos do século XX conflitos de caráter civis, mas com a chegada do partido comunista ao poder, influenciado pela União Soviética e sob liderança de Mao Tsé-Tung, em 1949 foi proclamada a união do país com a Republica Popular da China. Com as mudanças radicais do ponto de vista político, econômico, social e cultural a Revolução da China se deu durante o período em que Mao aplicou na China suas ações políticas. Para exemplificar uma ação prática de Mao Tsé-Tung frente ao poder chinês, houve em um dos seus atos a reforma agrária, fator que levou aos camponeses terem um espaço de terra onde eles pudessem trabalhar.

O Livro Vermelho, também apresenta diversos aspectos em que Mao Tsé-Tung, torna essas citações (textos) em praticidade política. No primeiro capítulo do livro Mao relata a importância do Partido Comunista como sendo o principal expoente para formular a revolução e está “fundado na teoria revolucionária marxista-leninista”. A revolução, proposta por Mao, deveria acontecer, a partir da conscientização, da população chinesa, a cerca do comunismo e isso deveria ocorrer a partir da compreensão de luta de classes. Essa luta, segundo o livro, poderia desencadear em conflitos, que se distinguem em guerras injustas – provocadas pelos imperialistas – e progressivas. Para que a população comunista pudesse se firmar perante o imperialismo deveria saber que o conflito seria necessário. “A revolução é uma insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba outra.” Conforme o ideal marxista pensa a história, a luta acaba tendo sua justificativa no que diz repeito a ideia de que a história é construída a partir de luta de Classes.  Embora a guerra seja desagradável a população chinesa possui os inimigos que são apontados pelo livro como os Estados Unidos, Japão, Europa (ou os tigres de papeis) e as forças reacionárias, todos poderiam provocar a luta injusta, mas a população chinesa estaria ciente que a injustiça deveria ser combatido em prol de sua preservação. “Ao mesmo tempo, estão dispostos a travar uma luta apenas de auto-preservação contra elementos reacionários, tanto estrangeiros como nacionais.” Ao citar os elementos reacionários nacionais, Mao Tsé-Tung alerta que é possível haver inimigos em seu próprio país e esses inimigos seriam aqueles que não apoiavam a revolução, ou seja, os reacionários.

Os imperialistas e os reacionários do interior do país jamais se resignarão a derrota e bater-se-ão até a última. Depois de restabelecida a paz e a ordem em todo o país, eles ainda se entregarão, de distintas maneiras, a sabotagem e a provocação de desordens, tentando, diariamente e a cada momento, restabelecer a velha situação. Isso é inevitável e não admite dúvidas; em circunstancia nenhuma devemos relaxar a nossa vigilância. [2]

Ciente dessas possibilidades de criticas vindas do próprio interior da China, a política de Mao visava educar a população visando à teoria marxista-leninista e havia uma recusa, sobre possíveis leituras burguesas. Um filme que ilustra essa política presente na época da revolução chinesa, é a produção: Balzac e a Costureirinha Chinesa. Embora seja uma obra de ficção, há nesse filme alguns aspectos que busca retratar a realidade camponesa na China. O analfabetismo, por exemplo, é um problema apresentado no filme e que se assemelham as condições chinesas. Em outras determinadas cenas, percebe-se o rigor de manter a educação focada nos ideias comunista, pois outros tipos de leituras como o próprio Balzac, que dá nome ao título do filme, é considerada literaturas subversivas e caso alguém fosse pego com uma obra burguesa, seria mandando para um campo de reeducação e o livro seria queimados. No Livro Vermelho Mao Tsé-Tung pensa que os artistas deverão se comprometer a produzir a arte com uma função revolucionária, os operários e os camponeses e soldados deveriam ser temas recorrentes nessas artes, Mao afirma a importância de se privilegiar a Cultura, pois é um importante instrumento em prol da revolução. “A cultura revolucionária é uma poderosa arma revolucionária para as grandes massas populares.”



No que tange o diálogo de repressão, presente no governo de Mao Tsé-Tung, um grupo de estudantes se destacaram. Denominado a Guarda Vermelha esses estudantes defendiam a ideia maoísta e percorreram as regiões da China, em busca de cultivar os ensinamentos abordados no Livro Vermelho. Essa Guarda Vermelha, no entanto, era bastante violenta e chegaram a perseguir os próprios professores universitários, caso algum deles discordassem de alguma ideia de Mao Tsé-Tung. Jiang Ching, esposa do presidente Mao e ex-atriz de cinema, teve sua importância em firmar a cultura na China, ela dizia ser contra as agressões físicas, para Jiang a luta deveria ser travada no campo das ideias e não em agressões. Portanto, vale ressaltar que essa Guarda Vermelha não era um grupo militar, mas independente que buscava firmar um discurso do líder Mao.

No Livro Vermelho, Mao Tsé-Tung lança sua ideia sobre o Exército Vermelho chinês, que deverá está ao lado do ideal comunista e ao lado da população chinesa. “A única aspiração de tal exército é manter-se firme ao lado do povo chinês e servi-lo de todo o coração.” Essa forma de militarismo seria invencível. No entanto, para Mao a violência ou o conflito não poderia ultrapassar o ideal, só faria sentido, ou justificaria a guerra se ela fosse para a manutenção do Partido.

Jiang Ching foi uma das responsáveis por outras mudanças que ocorreu na China durante o governo do líder Mao Tsé-Tung. Denominado Revolução Cultural na China, essa postura política baseava-se em diminuir as críticas feitas pelos próprios integrantes do partido comunista da China a respeito do fracasso que foi o Grande Salto Adiante. O Livro Vermelho aborda a questão da critica e autocritica no próprio seio do partido comunista. “Dentro do Partido, a oposição e a luta entre ideias de naturezas diferentes são um fato frequente. Se não existisse contradições no Partido e não houvesse lutas ideológicas para resolvê-las, a vida do Partido cessaria.” Mesmo embora, essas críticas não fossem extensivas, elas foram feitas diante de ações políticas, que não deram certas, tomadas por Mao Tsé-Tung.

O historiador Eric Hobsbawm em seu livro Era dos Extremos observa que a revolução cultural foi um dos momentos mais destacados do governo de Mao. “O regime de Mao Tsé-Tung atingiu seu clímax na Revolução Cultural de 1966-76, uma campanha contra cultura, a educação e a inteligência sem paralelo no século XX.”[3] Nesse período Mao, teria desenvolvido uma forma de reprimir a educação universitária, a arte as músicas clássicas. Por se tratar de elementos que não tinham uma finalidade próxima ao ideal marxista, Mao então provocou o rompimento dessas manifestações artísticas, tida por ele como artes burguesas e imperialistas.

O Grande Salto Adiante foi uma busca de Mao em tornar o seu país desenvolvido, incentivando a industrialização, mas desde que esse crescimento viesse acompanhado da igualdade e as indústrias fossem nacionais. Com a população deslocando-se do campo para o meio urbano, a fome foi um dos pontos que levou a 20 milhões de mortes na China. Além dessa falta de mão de obra para a agricultura, a seca e a falta de qualidade no trabalho acabou desencadeando em um fracasso para essa proposta de Mao, a falta de contribuição com a URSS nesse período também trouxe essa crise para a proposta de Mao. No Livro Vermelho, Mao admite não ser uma tarefa simples suas ações políticas. “Constitui tarefas muito árdua assegurar uma vida melhor as várias centenas de milhões de chinês e fazer do nosso país, econômica e culturalmente atrasado, um país próspero, poderoso e com alto nível de cultura.”

O maoísmo afirma principalmente na ideia de igualdade que a China deveria se constituir como um país nacionalista e desenvolvido, sobre o controle dos proletariados, mas a igualdade seria primordial para a política da China. Diante dessa concepção o capítulo 31 retrata ideias que possam provocar a igualdade entre a mulher o homem. “É preciso fazer com que todas as mulheres capazes de trabalhar participem na frente de trabalho, segundo o princípio de salário igual para trabalho igual.” Além de fazer sua defesa a mulher, Mao também faz apologia a importância do jovem para o futuro da China. “A vocês pertence o futuro da China.” Segundo, Mao Tsé-Tung pensava os jovens tinha a disposição necessária para a revolução, ainda não tinha o pensamento formado e sempre estão mais dispostos a novos conhecimentos, portanto os jovens são protagonistas na ideia de Revolução da China que Mao pensava.

Mao Tse-Tung além de ser o líder revolucionário, tal como ele é citado, também apresenta outras características políticas. Fica claro, por exemplo, que o comunismo defendido no século XX por outros países inclusive, possui um caráter desenvolvimentista, ou seja, em busca do progresso, mas desde que este crescimento ocorresse no âmbito nacional, dessa forma, também podemos denominá-lo como nacionalista. Mao Tse-Tung ciente que a China era um país com certa predominância rural, afirma que o progresso só seria possível que a população aderisse a igualdade prometida pelo ideal marxista-leninista. Outro caráter que pode ser apresentado a Mao é seu lado populista. Em muitas citações no Livro Vermelho, Mao lança suas expectativas sobre a população chinesa afirmando que a revolução só seria possível se a massa estiver de acordo com os princípios do partido. “A guerra revolucionária é uma guerra de massa; ela só pode realizar-se mobilizando-se as massas e apoiando-se nelas.”

O Livro Vermelho, portanto carrega algumas idéias do líder Mao Tsé-Tung. Ao mesmo tempo em que Mao afirma sua corrente teórica, ele também carrega consigo a realidade da China, portanto nos seus pensamentos havia singularidades do ruralismo da China e dos contextos pelos quais Mao formou sua personalidade. Mao nasceu em uma aldeia rural, teve pouco tempo de estudo primário, pois logo teve “que trabalhar como lavrador.” Ao longo de sua vida, já era possível notar algumas atitudes de liderança, como exemplo a sua participação em movimentos estudantis. Além de um líder Mao Tsé-Tung também é visto como um teórico, recebeu muitas influencias a cerca disso nos seus estudos sobre literatura, história e filosofia. O Livro Vermelho, ainda hoje é considerado uma obra influente, tanto no Ocidente quanto ao Oriente. Quando Mao afirma para a população se unir ele diz: “Povos de todo o mundo, uni-vos e derrotai os agressores norte-americano e todos os seus lacaios.” É possível notar que foi grande o número de vendas feitas durante o período em que Mao comandou a China. Trata-se de um livro que se equipara a Bíblia, no que diz respeito a sua leitura. Mao  Tse-Tung lançou suas idéias em forma de escrita e chamou não apenas a China, mas todo o mundo para se unir contra o capitalismo. Estava lançada o estimulo a luta que se justificava por meio da revolução. Mao Tse-Tung explanava a igualdade, no entanto, quando esteve no poder foram muitos os momentos condireados repressivos. Os inimigos eram afirmados e reafirmados por Mao, diferentemente da liberdade, havia apenas o discurso apontando para o progresso social.

A situação na China comunista até fins da década de 1970 foi dominada por uma implacável repressão, pontilhada por raros afrouxamentos momentâneos (“que desabrochem cem flores”) que serviam para identificar as vítimas dos próximos expurgos.[4]

Seja tornando a Guerra como uma realidade dependente da revolução. Mao Tse-Tung incentivou muitos a aderirem a sua causa. De forma populista ou repressiva, Mao esteve no poder da China ditando a verdade sobre qual deveria ser o futuro dos chineses e como deveria, a população, se comportar perante essa revolução Sobre uma ótica de ditadura democrática, onde ela seria necessária apenas para vencer os inimigos – aos que ousavam ser contra a sua verdade absoluta independente da vontade do homem, Mao Tsé-Tung se tornou um líder questionável, mas com influencias permanentes.  


[1] O Livro Vermelho. Citações do Comandante Mao  Tsé-Tung. pp. 13-14
[2] O Livro Vermelho. Citações do Comandante Mao  Tsé-Tung. pp. 27-28
[3] Era dos Extremos. O Breve século XX 1914 – 1991. p. 488
[4] Era dos Extremos. O Breve século XX 1914 – 1991. p. 488





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