sábado, 18 de junho de 2011

Livraria Ponto de Luz

São muitas as frases que tentam definir e interpretar a verdadeira importância dos livros para a humanidade. Tamanha é a necessidade da leitura que escritores e filósofos expressão seus sentimentos por esses que é o maior bem para o conhecimento humano.

  • Para a escritora Clarice Lispector o livro é uma fidelidade com o amor:

“Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.”

  • O filosofo Friedrich Nietzsche fez a seguinte reflexão:

“Os leitores extraem dos livros,consoante o seu carácter,a exemplo da abelha ou da aranha que,do suco das flores retiram,uma o mel,a outra o seu veneno.”

  • Por meio de leituras que Benjamin Fraklin se auto define:

"Livros e solidão: eis o meu elemento."

  • Pergunte a Bill Gates o que seria das tecnologias sem os livros:

“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.”

  • E também os escritores Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade, reconhecem a importância da leitura fazendo as respectivas criticas:

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.”

ABC Shopping

Eis as engenharias das palavras, todas com o intuito de expressar os sentimentos pela leitura. Portanto devemos ressaltar que na cidade de Formosa – Goiás, existe também o ambiente dos livros, capaz de enriquecer nós estudantes e a todos que buscam nas leituras uma forma de prazer, angustias e companhias. A livraria Ponto de Luz, muito mais do que uma patrocinadora, é um templo de leitura que desenvolve a capacidade humana de se desenvolver intelectualmente.

Por fim a frase do argentino Jorge Luis Borges...

"Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria."


Endereço: Livraria Ponto de Luz, rua: Visconde de Porto Seguro. Na galeria ao lado do banco Itaú - agencia de Formosa

terça-feira, 14 de junho de 2011

O historiador é um sujeito triste?

Durante o curso de Historia, os estudantes se deparam constantemente com as pluralidades de valores ou de sentido. Você deve estar se perguntando: o que esse cara está falando? Simples. Que tudo aquilo que aprendemos sobre o passado do homem, ao ser analisado, debatido e revisto na universidade, passa a ter um novo sentido. Eu mesmo pensava a História e o passado como a mesma coisa.

Para muitos colegas de curso essa questão é mais dramática ainda, já ouvi de muitos que a História “desconstrói muitas verdades”. Não creio que ela tenha essa pretensão, mas o fato é que cada vez mais ouço dos colegas de curso (e até de mim mesmo!) um discurso sobre a falta de sentido. Alguns como: “Tudo é interpretação,” “A verdade não existe” e muitas outras que não lembro no momento, mas você sabe do que estou falando, já deve ter ouvido pelo menos uma dessas pérolas também não é?

Recentemente, conversando com um colega em um boteco, dentre das inúmeras conversas típicas de bar, acabamos (por efeito dionisíaco) falando sobre a Historia. Até aqui tudo normal, nada mais comum do que historiadores em seu antro falarem de historia, o problema surgiu quando em umas dessas “desconstruções” meu colega disse que eu estava ficando existencialista. Ótimo, agora a cagada estava feita! Eu que já vivia cheio de perguntas tinha agora mais uma: O que é um sujeito existencialista? Não que ele não tenha tentado me explicar, ele tentou, tentou, e tentou... mas sabe como são os historiadores, gostamos de fontes e daquelas com “F” bem grande! Foi assim que uma conversa deu inicio a mais uma pesquisa.

Inicialmente fiquei com a impressão de que tudo o que era negativo era existencialista. A falta de sentido único nas ações humanas. A falta de perspectiva, o vazio. Quem nunca se deparou com aquelas velhas questões: Por que vivemos? Existe vida após a morte? Deus existe? Para mim o existencialismo era como “O lado negro da força”, muito perigoso para si e para todos. Até então tinha compreendido meu colega:

“Ah sim! Ele me chamou de existencialista por conversamos sobre coisas negativas, tristes”.

Nem tão simples. Meu colega estava equivocado, a pesquisa revelou que existencialismo não tem nada a ver com uma filosofia negativa. E nós historiadores não somos tristes (ou pelo menos não deveríamos ser).

Jean Paul Sartre
Dentro do existencialismo me deparei com duas perspectiva: uma cristã representada por Karl Jaspers e Gabriel Marcel e outra ateísta com Heidegger e Sartre.

O ponto em comum entre essas duas perspectivas (a partir disso que as coisas começaram a ficar claras para mim) é a de que, a existência humana precede a essência. Confuso? Vamos por partes.

Pensemos nos Irmãos Wright, que foram os criadores do avião (deixemos a polêmica do Dumont para outra ocasião). Antes de o avião ser projetado, eles já tinham uma idéia em mente, referências outras que lhe indicavam como tornar a idéia em matéria. Por mais que para nós os vendo daqui do presente esta criação possa demonstrar certo domínio do homem sobre a natureza guiado pela razão e pelo progresso, devemos concordar que para aqueles tempos (1903) pensar em sair voando em uma “caixa de metal” é uma idéia um tanto estranha. Contudo, conseguiram materializar a ideia. Assim, nesse caso, o avião que era antes de tudo uma essência (idéia, projeto, referencia, sonho) acaba por finalmente ganhar existência.

Nós estudantes, no cotidiano, nos deparamos com essas essências, estas tentativas de chegar à existência dos fatos. Vai dizer que ao ler um Le Goff, você nunca imaginou está se aproximando pelo o que ocorreu durante a Idade Média? Eu já, você não?

A “desconstrução” começa, quando nos deparamos com a pluralidade de sentido acerca do passado. Que não existe a metodologia, mas metodologias. Assim acabamos por voltar..., então quer dizer que tudo é subjetividade? Nem tudo.

Como falei inicialmente, A EXITÊNCIA PRECEDE A ESSÊNCIA. Nessa teoria sartriana, qual essência antecede a existência do homem? Deus? Será que Deus pensou uma definição técnica e Voilá: eis ai o homem? Não vai ficar triste hein!

O existencialismo é mais coerente, podemos afirmar com segurança, se existe um ser que pode ser definido ante de qualquer coisa essência (conceito, idéia) esse ser é o homem. Heidegger diz que é a realidade humana. “Penso logo existo” dizia Descartes, por acaso você duvida que exista? Para além do que você possa definir a si e as coisas, você existe enquanto ser pensante e isso é uma verdade absoluta.

Inicialmente não somos nada, só posteriormente seremos alguma coisa, a partir do momento que nos definimos como tal. Assim temos umas das premissas do existencialismo “o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”

A Historia para March Bloch é o oficio do historiador. Assim a História, na perspectiva de Bloch, existe enquanto há um sujeito engajado em tal oficio, ou seja, em lidar com fontes e metodologias.

Assim somos antes de tudo aquilo que estamos engajados a fazer. Somos a própria ação, e é esta que nos define. Talvez isso seja a fragilidade do conceito de identidade, pois posso fazer “n” coisas de acordo com minha escolha. Não sou um recorte, e por isso, tenho essa possibilidade de escolha que, talvez, venha a assustar muitas pessoas. Que decisão tomar?

O existencialismo sartriano diz que não há moral ou ideia que pode dizer o que é melhor para cada um. Nós, por mais que sejamos movidos por questões sociais, políticas ou religiosas, somente em nós mesmos poderemos escolher qual é o melhor caminho, pois nenhuma essência nos é anterior. Sendo assim, não podemos escolher o mal para nós mesmos se fazemos uma escolha é por que ela tem um valor para nós, nos representa algo. E é por isso que surge a tendência ao subjetivismo, pois não podemos afirmar que tal ideia, visão ou concepção de mundo é melhor do que outra. Somente podemos assumir a responsabilidade por aquilo que acreditamos ser o melhor para nossas vidas.

Não precisamos ficar “desconstruindo”, ou melhor, pluralizando os pontos de vistas. As teorias, as ideias estão em circulação, cada vez mais acessíveis, não precisamos cair na “tristeza” da quietude. Podemos exercer nossa liberdade na escolha. É nesse momento individual e de “desamparo”, como diz Heidegger, que podemos construir a realidade. Esperanças, sonhos, esperas são coisas inúteis, viva seu projeto, atinja sua meta, viva seu sonho é assim que o existencialismo torna a vida possível. Transformando idéias em atos, só a ação permite o homem viver.

Portanto, acredito que a “tristeza” que muitos vêem nos historiadores como meu colega o fez, tem haver com a pratica de nosso oficio, sempre queremos apreender mais sobre o nosso objeto, sem juízos de valor, mas isso não quer dizer que sejamos niilistas, céticos e tristes, somos antes tudo profissionais, e se escolhemos uma teoria e aplicamos em nossas vidas ou até mesmo nos resignamos, estamos exercendo uma escolha, o nosso ponto de liberdade. Assim, sempre se lembre daquele ditado popular: “nunca vá na conversa de bêbado”.


Dedico esse artigo aos professores Alvaro Regiani e Juliano Pirajá e aos colegas Lucas Alves e Marcos Dias que indiretamente me incentivaram a escrevê-lo.

Criticas e sugestões são muito bem vindas!


Otávio Marques Vasconcelos estudante de História UEG.