sábado, 11 de junho de 2011

Identidade brasileira: a formação de uma nação sócio-cultural

A busca pela identidade nacional, surge num momento em que a psicologia tem um desenvolvimento maior e a sociologia começa a perder seu caráter cientifico, e Sérgio Buarque de Holanda irá atrás do que se pode chamar de essência do homem brasileiro.

Refletir sobre a essência do homem brasileiro é uma questão racial e de identidade nacional. O registro do passado não é falar de si mesmo e sim dos que fizeram parte de uma certa ordem de interesses e de visão do mundo de um determinado momento particular do tempo que se deseja evocar, partindo-se do pressuposto de que uma sociedade por mais primitiva que seja evolua naturalmente para o mais complexo, procurando assim estabelecimento de leis que guiarão o progresso da civilização.

A interpretação do Brasil passa necessariamente por esse caminho, pois é julgado como um país de civilização inferior em relação a Europa, tinha-se uma necessidade de dar uma explicação para o digamos “atraso” brasileiro, apontando para um futuro próximo a possibilidade de o Brasil se constituir como nação.

O evolucionismo fornece a inteligência brasileira conceitos para compreender essa problemática adquirindo no Brasil novos contornos e peculiaridades diferentes da européia que serviam como parâmetros. O evolucionismo torna possível essa compreensão mais geral das sociedades humanas, mas há necessidade de complementação com alguns argumentos a mais para um entendimento maior e o pensamento da época encontra tais argumentos em dois aspectos peculiares; o meio e a raça.

A historia brasileira é apreendida em termos deterministas, clima e raça explicando a natureza indolente do brasileiro, as manifestações fracas e inseguras da elite intelectual, o lirismo quente dos poetas da terra, o nervosismo e a sexualidade do mulato.

Segundo Renato Ortiz expõe na obra, Cultura brasileira e Identidade Nacional “... ser brasileiro significa viver em um país geograficamente diferente da Europa, povoado por uma raça distinta da européia.”

Já Silvio Romero considera o meio e a raça como fatores internos que definiram a realidade brasileira, portanto são dois elementos imprescindíveis para a construção da identidade brasileira.

A miscigenação e imigração formam a base fundamental de toda história e política, estrutura social e moral das nações. Gilberto Freyre aborda a questão da miscigenação culturalmente, porém para os intelectuais da época se torna uma questão racial, o fato é que o Brasil foi constituído pela fusão de três raças fundamentais; o branco, o negro e o índio.

Porém quando interpretado socialmente delega à raça branca uma posição superior na construção da civilização brasileira. Em diferentes épocas e aspectos a problemática da cultura popular está vinculada à da identidade nacional.

O uso dos tipos ideais e patrimonialismo que são trabalhados por Weber, mas com argumentos de maneira mais fluida tendo uma visão um tanto peculiar de determinados aspectos da sociedade que só é obtida por enfocar simultaneamente os contrários, por uma serie de conceitos pares, como tradição e modernidade, urbano e rural, público e privado.

O tipo trabalhador e o tipo aventureiro, conceito entre herança lusa e a própria identidade brasileira que dela descenderia. O conceito do homem cordial apresentaria uma série de características notáveis no brasileiro até os dias atuais, nossa sociedade seria marcada pela afetividade e a barbárie.


Sérgio Buarque de Holanda busca nas raízes do brasileiro a cordialidade. “A lhaneza do trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes possam significar “boas maneiras”, civilidade.”

A cordialidade para Sérgio B. de Holanda não significa propriamente boas maneiras ou bondade, e sim uma total falta de compromisso com normas sociais. A ausência de padrões normativos de conduta e de crença, os indivíduos entram em conflito interno, encontrando assim espaço e legitimidade para não se conformar com as contraditórias exigências dos padrões sociais.

A idéia de que a sociedade brasileira foi fundada no principio da fraqueza moral, da preguiça, a aversão ao trabalho, do personalismo, de uma esfera pública inacabada e dominada pelo setor privado, sendo assim uma sociedade tipicamente patrimonial e totalmente longe de um verdadeiro processo civilizador. Os problemas dos poderes privados no Brasil teriam sido gerados já na fase colonial pela influência dos grandes proprietários rurais que na maioria das vezes suplantavam a autoridade da coroa portuguesa.

A publicação de Raízes do Brasil é a idéia de falar de um país que não é mais rural, que estava concentrando sua população nas cidades, a abolição dos escravos foi o marco divisor entre o Brasil rural e o urbano, após a abolição da escravidão que houve um desenvolvimento dos centros urbanos. Porém a formação da burguesia urbana seria oriunda dos senhores rurais que levam à cidade a mentalidade, o estilo de vida de origem rural, sendo assim a classe intelectual era formada pelos filhos desses antigos senhores e a sombra do poder patriarcal ainda ronda a formação da nova sociedade.

Sérgio B. de Holanda trata dessa relação entre herança rural e os movimentos de renovação social, o novo contexto histórico, independência e urbanização, o patriarcalismo e o espírito personalista que exerciam seus efeitos sobre a sociedade brasileira. A intelectualidade brasileira fica distante de qualquer atividade que pudesse resultar em alguma transformação social, o apego ao saber era apenas ornamento e uma maneira de manter os privilégios, e as conquistas liberais não surtiram nenhum efeito na vida da grande massa popular, os movimentos de transformação partiam de cima para baixo sem a participação do povo.

No período que Sérgio B. de Holanda morou em Berlim foi fundamental para seu desenvolvimento histórico, ao se distanciar do Brasil e tentar explicar o país aos alemães, é que Sérgio consegue ver o Brasil como um todo, tem uma visão diferente do seu objeto de estudo e um olhar mais atento aos detalhes e tão significativos que na maioria das vezes passam despercebidos.

O projeto Raízes do Brasil é um livro que tem uma perspectiva sociológica e psicológica com um objetivo político, livro inovador no que diz respeito á busca da identidade nacional, de grande valor literário que vai buscar as origens do Brasil em Portugal fazendo críticas a colonização portuguesa e da natureza aventureira e patriarcal, reconhece ainda sem muita ênfase o caráter mestiço da formação social brasileira, mas de suma importância para a historiografia brasileira.


O Brasil é um país pacifico, brando e a necessidade de se fazer uma espécie de revolução para dar fim aos resquícios da história colonial e começar a traçar uma nova história do Brasil, diferente e particular.

A idéia que somos um povo preguiçoso precisa ser mudada, retirar esse estigma de nossa índole e mostrar o nosso devido valor, nossa identidade real de um povo batalhador esforçado que deseja realmente essa mudança.


Denise Terezinha da Silva


Bibliografias:

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, - 26 ed.-São Paulo: Companhia das Letras, 1995
ORTIZ, Renato, Cultura Brasileira e identidade nacional,- São Paulo : Brasiliense, 2003- 4ª reimpr. Da 5 ed. De 1994.
http://www.webartigos.com/articles/41153/1/Resenha-de-Raizes-do-Brasil-de-Sergio-Buarque-de-Holanda/pagina1.html- ACESSO : dia 15 de julho-10 horas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Do “ca” ao ... “CA”

É, como falam os meus colegas, “as coisas estão acontecendo”. Isto é bom, mas como ressalta o nosso professor Fábio Santa Cruz, junto com as possibilidades que se abrem aos nossos olhos apresenta-se, também, grandes responsabilidades. Aliás, gostaria de começar esta postagem por este sujeito, professor Fábio, ele juntamente com os outros professores e alunos ressuscitou o curso de História da UEG Formosa, com sua sempre presente liderança, o referido professor nos possibilitou pensar no fortalecimento do nosso querido CA, para que em conjunto, alunos, direção e professores possamos lutar por melhorias em nossa Universidade.

Há muito ainda a ser feito, o caminho é longo e, por muitas vezes, desanimador, por isso, inteligencia e estratégia são elementos que nos possibilitarão matar um leão por dia. A assembléia da semana passada teve como objetivo traçar os principais problemas da UEG Formosa que diz respeito diretamente aos interesses do curso de História. Aliás, é bom esclarecer um pouco esse negócio de “interesses do curso de História”, o CA de História é construído para defender os interesses do referido curso, isso não quer dizer que o CA tem por função virar as costas ao corpo docente, enfraquecer os outros cursos e botar fogo na diretora, esta não é a melhor solução, afinal, esta postura fere os interesses dos alunos. Numa instituição de ensino onde professores e alunos não convivam em harmonia o fracasso é iminente. Na assembléia pensamos sobre alguns problemas da Universidade que o CA nascente, com o apoio dos alunos, tentará resolver. Dentre eles:

  • Lutar pela consolidação da democracia na UEG Formosa. 
  • Formação de um bom acervo literário da biblioteca. 
  • Conclusão e disponibilização de um laboratório de história bem equipado.
  • Fim do monopólio da xerox dentro da unidade com o propósito de diminuir as filas, melhor qualidade e, possivelmente, a redução dos preços pelas cópias. 
  • Criação de paradas de transportes interestaduais próximas à UEG, tendo em vista o fato de vários alunos da unidade morarem em cidades satélites do DF e entorno. 
  • Processo de eleição e criação do novo CA. 
  • Melhoria dos recursos materiais da UEG Formosa.
  • Criação de uma revista eletrônica, para publicações de professores e alunos.
  • Desenvolvimento de projetos de pesquisa e pós-graduações na própria unidade de Formosa. 
  • Concretização das obras do “Coliseu”. 
  • Buscar apoio do estado por melhorias na Universidade, procurando o diálogo com os representantes estaduais e municipais. 
  • Motivar a comunidade acadêmica, para participarem do debate político na Unidade, procurando o diálogo com professores, direção e os outros cursos. 
  • Melhor organização das manifestações que tem por objetivo debater e conquistar metas relativas á melhor qualidade da UEG.

Acertamos na ultima reunião que todos os acadêmicos apresentariam idéias para que estes objetivos possam ser alcançados. O “Bomba-H” disponibiliza este espaço para que o debate alcance o meio virtual, esta importante ferramenta para as mobilizações da comunidade acadêmica. Comentem, participem, deixem suas idéias.


Lucas Alves