Um olhar sobre a produção musical de Heitor Villa lobos no cenário cultural do modernismo brasileiro.
Entre as décadas de 1920 e 1930 formou-se um grande conflito estético e ideológico com relações ao movimento modernista formado por artistas e escritores como, Anita Malfatti, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral entre outros. Essa elite cultural e econômica almejava que a sociedade tivesse uma percepção da nacionalidade brasileira por meio da produção cultural nacional,como por exemplo, a polêmica exposição da semana de arte 1922 em São Paulo.
“A semana é um marco na história do Brasil como também na historiografia da música, principalmente pela projeção que deu Heitor Villa-Lobos e pelo impacto que teve em sua careira, o único a sair ileso das criticas. A música de Villa carrega elementos da cultura nacional,como exemplo a música popular carioca,o choro e o samba alem de elementos das músicas regionais, como a caipira e os cânticos das tribos indígenas do amazonas que confrontam com a cultura musical romântica da época. A partir dessas afirmações iremos compreender como a cultura daquela época, a estrutura econômica,política e social, pode modificar uma obra de arte e ainda transformá-la em uma mercadoria.Esse estudo se mostra importante para quem deseja estudar música na História, uma vez que revela os fatores que podem modificar o processo de composição da música como também dos hábitos da sociedade.
Segundo Michel de Certeau,ao estudar a história cultural da música,o pesquisador depara-se com um objeto que carrega em seu bojo um caráter dinâmico,encontra-se distante no tempo, construído a partir de uma diacronia, que implica na impossibilidade de reconstruir a existência cultural dos agentes que fizeram parte da criação da musica .Então se faz necessário para compreensão das apropriações, conhecer o contexto histórico na qual a música se manifestou, as bases sociológicas da criação musical, os agentes difusores da música que formam o gosto popular, assim como criticas de álbuns e shows em jornais, além de relatórios e materiais promocionais de gravadoras e produtores de espetáculos. Todas essas fontes permitem entender melhor o panorama musical, sobretudo neste caso, a música de Villa na semana de arte moderna, uma vez que teve maior relevância e difusão em sociedade.
Alguns conceitos como recepção cultural e industria cultural, são pertinentes nesse tipo de pesquisa, não industria no termo literal de referir-se a modos de produção, divisão do trabalho e máquinas, mas ao processo de racionalização das técnicas de distribuição das mercadorias culturais que devem ser absorvidas pela sociedade.Segundo Adorno a autonomia das obras de arte nunca existiu de forma pura, sempre foi marcada com as conexões de efeito, para ele as mercadorias culturais orientam-se a principio de sua comercialização e não segundo se próprio conteúdo e figuração.Então com aceitar uma música carregada de elementos nacionais e populares como a de Villa em meio a uma preferência dos ouvintes do gênero “erudito” a estilos dançantes como o foxtrot,swing e tango imposto pela industria cultural?
O melhor caminho para responder a essa pergunta é entender o significado da música de Villa para os ouvintes, entender os códigos daquela cultura e por sua vez ir adquirindo as representações do passado sobre o objeto. Clifford Geertz adverte que a análise é escolher entre as estruturas de significação. Assim compreendendo o conjunto de preceitos que moldaram a sensibilidade dos presentes na semana de arte, entenderemos o choque cultural entre a música e o ouvinte.
Por Otavio Marques
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