terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mal-estar: Estados Unidos vs. América Latina

O mal-estar presente nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina deve ser visto, de forma geral, a partir de diversos fatores, não sendo isolado apenas para um país e em determinado período de tempo. Por isso a análise das estruturas de determinado acontecimento, como por exemplo: a Cuba sob o ideal socialista, reflete causas outras que estariam envolta do ocorrido. Como no exemplo sobre-citado a análise do contexto passa ainda ser fundamental, pois foi diante da presença na União Soviética em plena Guerra Fria e sob outras circunstancias que colocam em pauta “o choque de interesses nacionais” entre países latinos e os EUA, que pode-se perceber as transformações referente a Cuba.

Líderes como Fidel Castro e Che Guevara se argumentam na revolução. Fazendo criticas a oligarquia que governava Cuba e que atendiam os interesses “persuasivos” dos Estados Unidos, Fidel lança críticas afirmando os diversos problemas que tomavam conta de Cuba diante da presença de Batista. Embora os discursos de Fidel se aproxime aos idéias socialista, se percebe antes disso uma presença revolucionária prol nacionalista, mas tarde Cuba ganha esse caráter socialista devido as influencias e os ocorridos na Guerra Fria.
Portanto antes de Fidel Castro tomar o poder de Cuba, antes da Revolução Cubana acontecer, suas criticas e opiniões manifestavam o interesse de constituir um governo revolucionário que atendessem as demandas do país e da população. Diante do governo de Fulgêncio Batista, Fidel tenta lançar sua primeira revolta contra o poder oligarca, violento e corrupto que debruçava há anos entre os poderosos de Cuba. “A história política de Cuba na primeira metade do século XX pode ser resumida, a grosso modo, numa sucessão de governos oligárquicos, permeados por ditaduras e intervenções militares dos EUA.” Embora em sua primeira investida contra o governo Fidel Castro não tenha conquistado grandes feitos, pois acabou sendo reprimido e preso, ainda sim essa primeira tentativa merece os méritos, pois diante do apoio popular Batista teve que conceder anistia a Fidel Castro e seu irmão Raúl Castro. Nesse acontecimento se percebe a popularidade que começava a se mostrar perante a Fidel. A oligarquia que governava
 Durante um extenso período do século XX os governantes de Cuba atendiam a interesses americanos. O que melhor exemplifica tal situação de influencia americana em solo cubano foi a Emenda Platt que consistia em dar uma “virtual carta branca aos Estados Unidos para intervir, mesmo depois do fim de sua ocupação militar, em 1902.” O mito de uma América generosa, ou da moralidade, é bastante significativo perante as condições que os americanos se sentem ao intervir militarmente em determinado processo político de algum país latino-americano. Logicamente que esse sentimento é um ideal e não a única explicação para analisar o mal entendido entre Estados Unidos e América - latina, seria ignorante pensar que apenas o sentimento civilizador americano era o que importava, pois muitos outros interesses corporativos, imperialista e econômico devem ser colocados em questão. Isso pode ser visto diante da afirmativa de George Washington em afirmar os Estados Unidos como sendo “um império em ascensão”, mas também pode ser visto na Doutrina Monroe, onde é nítido o interesse americano em se afirmar como influente economicamente perante aos “inferiores” latinos americanos. Em relação a essa Doutrina de América para os americanos, o presidente Theodore Roosevelt afirmou ser uma “obrigação para com os povos que vivem no barbarismo fazer com sejam libertados de seus grilhões.” Esse mesmo presidente ainda faz outras referências, onde é nítido o mito da moralidade, como em afirmar que sem ajuda dos cubanos poderíamos derrotar os espanhóis com mais facilidade. “Este racismo era, à época, padrão para a maioria dos americanos que dedicavam alguma atenção à América Latina.”

Outro fator que rivaliza ainda mais a relação entre Estados Unidos e América Latina são os setores econômicos e os interesses políticos. Ora se o EUA surge como uma “importante potencia industrial,” os Estados Unidos passa a projetar interesses imperialistas em busca de “recursos naturais, abrangendo terras abundantes,” por outro lado a América Latina era uma fonte de exportação de matéria primas, por falta de recursos técnicos e de capital esses países acabam não conseguindo desenvolver indústrias capazes de competir com a americana e com as européias. O sentimento presente em alguns setores da política latino-americana, e mais tarde em praticamente todos os países latinos americanos será o interesse no nacionalismo. O que não era de agrado para os EUA que era uma potencia de exploração.

Em reação ao contexto de rivalidade que ocorria entre a “superioridade” Americana contra os “incivilizados latinos” se percebe o surgimento de “políticos e intelectuais latino-americanos pouco mais podiam fazer que contrapor à arrogante atitude americana sua própria crítica ´mordaz ao Norte, que viviam como materialista e oportunista.” Diante desse trecho se percebe que o anti-imperialismo e mais tarde anti-capitalismo de Fidel e portanto de Cuba contra os EUA se deve a um processo de mal-entendidos, sendo o que o socialismo se estabelece mediante ao ocorrido na Guerra Fria e sob influencia militar e política da potencia socialista da época: União Soviética. É interessante perceber que diante da Guerra Fria, onde o mundo esteve em constante alerta os interesses dos norte-americanos eram livrar qualquer país da influencia do socialismo, devido a isso muitas ditaduras ocorreram em países latino-americanos sobre estimulo americano. Seria melhor para os EUA uma ditadura militar do que uma ditadura socialista. Mas nem todos os países latinos americanos foram persuadidos pelos interesses dos EUA, pois com Fidel no poder e resistindo as investidas militares americanas – como exemplo a invasão Baía dos Porcos, Cuba passou a se tornar um país socialista e ainda hoje “continua um auto proclamador Estado socialista, dedicada a uma política de confrontação com os Estados Unidos.” Do outro lado ainda os EUA se mostra com o interesse em derrubar o governo de Fidel Castro, demonstrando com isso que ambos os países ainda continuam diante de tensões internacionais.

Para muitos historiadores a maior tensão ocorrida diante da rivalidade entre Cuba vs. EUA ou Socialismo vs. Capitalismo, ocorreu 1962 com a Crise dos mísseis. Esse acontecimento caracteriza a Cuba do lado do bloco socialista, pois depois da investida americana na Baía dos Porcos, Fidel toma posição e se reuni com presidente soviético Nikita Kruschev, concretizando assim uma base militar no território cubano que apontava mísseis termo-nucleares para os EUA. O mundo estava diante da pior tensão da Guerra Fria, pois para o lado Soviético havia uma base americana na Turquia e para o Americano uma base soviética em Cuba o resultado foi intensas negociações onde ambos os países tiveram que desativar suas bases militares.

Portanto o dilema e os mal-entendidos ocorridos entre Cuba e EUA estão dispostos diante de outros acontecimentos, diante de uma análise que não deve apenas se importar com o acontecimento em si, mas a analise de suas estruturas, as investigações por de trás dos fatos. A hegemonia americana posta em debate tendo por referencia Cuba, ou os países americanos, pode ser vista de diversas formas, por diversos interesses, seja: ideológico, político, social e econômico. Trata-se de um tema que coloca em cenário um país contemporâneo e imperialista, em contra partida de uma luta que se mostrou primeiramente localizada, mas diante dos acontecimentos e diante das mudanças esses conflitos se tornam processual e vão ganhando novas conotações diante ao mundo que se encontrava em tensões.

"Salvo umas poucas indústrias alimentícias, madeireiras e têxteis, Cuba continua sendo uma feitoria produtora de matérias-primas. Exporta-se açúcar para importar caramelo, exporta-se couro para importar sapatos, exporta-se ferro para importar arados...”

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