domingo, 27 de junho de 2010

Olhar Europeu - sobre o "outro"

A partir dos relatos de viajantes conseguimos criar condições para análise histórica do momento que se segue diante das “grandes descobertas marítimas”. No entanto, vale ressaltar que esses relatos europeus nos fornecem uma visão distorcida do que realmente seria esse “outro”. Observamos diante de diferentes relatos, uma contraposição, seja por fatores geográficos ou pelo próprio contexto que os viajantes se encontram. Por muitas temos compreensões, desses viajantes, distintas que nos remete, a um olhar europeu diante do outro.

Com isso, temos dois bons exemplos. Na visão de Colombo:
"Tão afáveis, tão pacíficos, são eles, que juro a Vossa Majestade que não há no mundo uma nação melhor. Amam seus próximos como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil, e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis.”
 Ou também na visão de Cabeza de Vaca, em relatar a forma como ele e os espanhóis foram recebido diante do cabo de Flórida:


“Não houve um de nós que não ficasse ferido. (...) Caíram sobre nós com pedras, fundas, varas e algumas flechas embora não tivessem três a quatro arcos”.

Diante dos dois relatos, distinto por estarem em geografia e contextos diferentes, ainda sim surge à dúvida dessa contraposição e diferença entre a forma como o branco é recebido. Sendo o mais breve possível percebemos que tanto em Colombo quanto em De Vaca as intenções da conquista estão previamente definidas, tanto um quanto o outro vem de uma estratégia de conquista. A diferença, no entanto, nos remete que De Vaca foram recebido mal porquê, como Josefina em Resistência Indígena afirma: A Florida passa a ser uma terra inconquistável. Portanto, uma tentativa de se explicar essa recusa dos índios na Florida aos homens brancos, é compreendendo o contexto que Resistência Indígena, nos propõe. A obra nos informa que os índios daquelas terras foram traídos por outros europeus antes da chegada de Cabeza de Vaca, passando a terem uma recusa diante desses europeus.

É na busca e na analise de diversas fontes, que se fundamenta o conhecimento histórico em busca, de não se torna refém apenas da visão européia mais, também em perceber que: "A tal gente pintada que berrava é um povo altivo, nobre, com uma cultura própria, que só entra em guerra defendendo o direito de viver nas terras que sempre foram suas." Portanto, é na busca por vestígios, signos, que encontramos nos relatos europeus detalhes que nos faz perceber o outro como ser-humano.


Por Victor Barbosa

3 comentários:

  1. Meu caro Vitão... Faço minhas as tuas mesmas indagações. Não se pode apenas tentar entender um lado.

    Os nativos sempre defenderam o seu espaço, querendo nada mais que respeito, compreensão, liberdade cultural, ou seja, viver naquelas terras sem interferencia de tais homens que se dizem civilizados mas que destroem e corrompem tradições em nome da cristandade.

    Estes homens por sua vez, lançados de suas estrategias de conquista, seja ela por meio da bondade ou do sangue, entram em um território denominado como "Novo Mundo" na tentativa de explorar, obter riquezas, muitas vezes sem nem ao menos esperar encontrar população por ali.

    Cabe a nós a análise de fontes no intuito de obter conhecimento de um povo e uma época que nos chega de uma forma muito mais sangrenta que amistosa. Coletar e obter vestígios de um povo ao qual somos suas raizes... raizes diversas, colorindo, misturando e formando esse Brasil multicultural...

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  2. ESTE ASSUNTO É MUITO DELICADO, MAS CREIO QUE NÃO PODEMOS JULGAR OS FATOS E SIM ENTENDER COMO SE DESENROLARAM. POR UM LADO SE NÃO FOSSE OS DEBRAVADORES DO "NOVO MUNDO" HOJE NÃO ESTARIAMOS AQUI E NEM PODERIAMOS ENTENDER AS CULTURAS QUE HOJE VÃO E VEM E SE FORAM COM O PASSAR DO TEMPO.
    TENHO QUE ADIMITIR QUE FOI DE FORMA AGRESSIVA A CHEGADA DESTES HOMENS E TAMBEM A RECEPÇÃO NAO FOI HOSPITALEIRA,HOJE TOMAMOS CONHECIMENTO TARDIAMENTE SOBRE ESSE E OUTROS ASSUNTOS. TEMOS IDELOLOGIAS E SENTIMENTOS VEMOS OS ERROS DO PASSADO ESCRITO NAS PAGINAS DA HISTÓRIA E ASSIM RECIPROCAMENTE VEMOS O "PRESENTE REPETIR O PASSADO" COMO DIZ CAZUZA. HOJE PUDE EM FIM PERCEBER QUE OS "DESEJOS" MOVEM O HOMEM E TODO CONHECIMENTO É INTERESSADO SEJA DE FORMA EXPLICITA OU SUBCONSCIENTE. MUITAS VEZES PODE SE QUERER O BEM DAS COISAS MAS OS VENTOS AS VEZES MUDAM A DIREÇÃO.
    O QUE POSSO ADIANTAR E QUE SEMPRE FICA OS ATOS PARA QUE A GENTE TENTE ENTENDER AS DECISÕES QUE AOS POUCOS SE TORNAM PARTE DO CONTEXTO EM QUE VIVEMOS.

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  3. "São Cabeza de Vaca"!
    Nosso grande, beato milagreiro e santo extra-catolicísmo, erigido pela fé do nativo e as habilidades da "malandragem européia" que nos legou tão atraente personagem. viva A vaca e sua cabeza!!!
    Esse capítulo da nossa história é muito denso, intensa de fatos e lacunas, de inquietantes questões e capaz de revirar o interior do leitor. Parabéns pela matéria!!!

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