segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A pior tragédia de todos os tempos!

A humanidade, hoje, passa por um processo de mudança de valores, é só ligar a TV,usar a internet para perceber tal mudança. O narcisismo, por exemplo, tomou o lugar das discussões sobre a sociedade, política e religião.

É assustador a necessidade que as pessoas têm em mostrar o que sentem, fazem ou deixam de fazer. As redes sociais como facebook e twitter são fontes sobre esse fenômeno. Mas se isso é um agouro, o mcdonalds  vendendo salada e o rock  ter virado emo também podem ser,sem mencionar a profecia maia para 2012!

Mas antes que você caro leitor queira ouvir Carmina Burana e sair correndo pelado na rua, devo adverti-lo que a tragédia na qual me referi no título aconteceu em um tempo espaço distante dos nossos dias. Não foi a pior tragédia da humanidade, afinal a pior tragédia é viver cada segundo como se fosse o último e não morrer ( Marla Singer ), mas quando se trata de tragédia a curiosidade aumenta não é? Por isso o título tão panfletário.

Em 1º de novembro de 1755 nossos confrades lisboetas passavam por um dos piores momentos de sua história até então. Nas palavras de Voltaire:


   (…) Ó infelizes mortais! Ó deplorável terra!
Ó agregado horrendo que a todos os mortais encerra!
Exercício eterno que inúteis dores mantém!
Filósofos iludos que bradais «Tudo está bem»;
Acorrei, contemplai estas ruínas malfadas,
Estes escombros, estes despojos, estas cinzas desgraçadas,
Estas mulheres, estes infantes uns nos outros amontoados
Estes membros dispersos sob estes mármores quebrados
Cem mil desafortunados que a terra devora,
Os quais, sangrando, despedaçados, e palpitantes embora,
Enterrados com seus tetos terminam sem assistência
No horror dos tormentos sua lamentosa existência!
Aos gritos balbuciados por suas vozes expirantes,
Ao espetáculo medonhos de suas cinzas fumegantes,
Direis vós: «Eis das eternas leis o cumprimento,
Que de um Deus livre e bom requer o discernimento?»
Direis vós, perante tal amontoado de vítimas:
«Deus vingou-se, a morte deles é o preço de seus crimes?»
Que crime, que falta cometeram estes infantes
Sobre o seio materno esmagados e sangrantes?
Lisboa, que não é mais, teve ela mais vícios
Que Londres, que Paris, mergulhadas nas delícias?
Lisboa está arruinada, e dança-se em Paris.(…)

[Poème sur le désastre de Lisbonne], de Voltaire (1755).


Sim meu caro leitor, o cenário de Lisboa em seis dias consecutivos de destruição baseava-se em tremores de terra, chamas e inundações, tendo como atores principais corpos espalhados e vindos do tejo. Era dia de todos os santos e as varias igrejas de Lisboa ricamente decoradas em outro e prata preparavam-se para receber uma população que era tão ligada as crenças transcendentais.

Assim, o primeiro tremor foi tido como uma mau presságio. Na verdade era só o começo para os outros que viriam. Como se não fosse o bastante, o que sobrou da cidade começou arder em chamas destruindo documentos e derretendo riquezas. ( Na Fundação Biblioteca Nacional possui  uma vasta iconografia sobre a tragédia.)

Após a tragédia escutava-se naquilo que antes eram ruas, murmúrios sobre um “Deus vingativo” e mitos afins. Mas o fato é que no período pós-tragédia o Estado português procurou esconder o número de mortos e de sobreviventes com receio de que algum Estado vizinho pudesse tirar proveito da situação e pudesse vir a domina-lo.


Sabemos que Portugal além de pequeno em extensão era tido como uma pais atrasado no campo do conhecimento intelectual em relação aos demais países da Europa. Assim quando a biblioteca real,que para D. João V tinha a mesma importância que o ouro vindo do Brasil foi destruída, acabava-se ali o simbolo que tornava a monarquia portuguesa em pé de igualdade com a demais monarquias da Europa.
Continua...


Esse texto é nada mais é que uma “cachorrada”  feita com o capitulo 1 de “ A longa viagem da Biblioteca dos Reis” da Lilia Schwacrs. IMPERDÍVEL!



Otávio Marques

5 comentários:

  1. Dá lhe, Bomba H, iniciando 2012 com "Catiguria"! Otavio Marques sempre falando com muita pertinência!

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  2. parabéns Otávio como sempre com belas reflexões.
    depois irei ler este livro recomendado por vós.

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  3. Olá companheiros! Obrigado pelo os elogios.Isso nada mais é do que o fruto do tal ócio criativo...Abraços.

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  4. Em plenas férias já dessa forma... Isso representa muito, para um ano que se promete tão intenso.
    Realmente foi uma forma bastante pertinente a forma de se descrever tal desastre que ocorreu em Portugal.
    E quanto as mudanças de valores tamanho é o debate que pode feito sobre aquilo que torna-se, por si só, assustador rs...

    Parabéns Otávio e aquele Continua... (com os três pontinhos)deixa-nos bastantes ansiosos.

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